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O Dia da Mulher não é homenagem bonitinha


Gostaria muito de simplesmente colocar um poema ou um texto falando sobre quanto as mulheres são maravilhosas, fortes, corajosas, a frente de seu tempo, lindas do jeito que ela são, donas de si - não que tudo isso não seja verdade, é claro que é! - porém não devemos deixar essa data passe simplesmente como uma homenagem bonita sem ao menos refletir sobre.

Nós mulheres somos sim mulheronas da porra só por viver na sociedade em que vivemos, mas enquanto não formos realmente tratadas como iguais, perante tudo e todos, não podemos transformar essa data em apenas uma comemoração.

E lendo um pouco para aumentar a minha inspiração para levar essa data como algo mais sério e reflexivo, encontrei esse texto na Carta Capital que foi escrita por Clara Averbuck e gostaria muito de compartilhar com vocês.

"O dia 8 de Março é importante porque a mulher ainda é oprimida: quando formos realmente tratadas como iguais, poderemos transformá-lo em uma comemoração

O Dia da Mulher não é pra ser uma homenagem singela e bonitinha para as lindas mulheres sorridentes e fofinhas, ah, essas mulheres, tão lindas e tão geniosas, mas que os homens amam. É um dia pra botar todas as questões que precisam ser debatidas em pauta, é pra falar sobre a luta dos direitos da mulher, não sobre TPM e manicure. Não é pra ter um “tom leve”.

Tom leve não combina com assunto sério, daí tantas manifestações negativas a campanhas paternalistas. Algumas pessoas vêm com aqueles papos de que as reações são desproporcionais, que deixa disso, que não é tanto assim, que é frescura, que é exagero, que devemos também falar das mulheres “normais”. Como se a única agressão que contasse fosse a física.Como se a única opressão que valesse fosse a explícita. Como se, por exemplo, um padrão de beleza massacrante também não fosse uma forma de opressão.

Entendo que para as pessoas menos familiarizadas com o feminismo algumas coisas possam parecer exagero. Já fui assim também. Achava algumas reações exacerbadas, motivadas por “bobagem”. Aí eu descobri duas coisas: primeiro: não temos o direito de cagar regras sobre como alguém se sente a respeito de algo. Segundo: nenhuma reação é exacerbada quando se trata de quebrar um paradigma milenar. Cada minicoisinha conta.

Cada reclamadinha que a gente dá pode gerar questionamento em alguém – apesar de gerar chacota dos que nunca sentiram na pele o que a mulher passa e, por serem incapazes de empatia, minimizam qualquer manifestação com o papinho da feminista histérica. Querem uma feminista mansa, que não fale alto, que não incomode e fique no seu lugarzinho. Não, né?

O dia 8 de Março é importante pelo simples motivo de que a mulher ainda é oprimida. O dia em que formos realmente tratadas como iguais poderemos transformar o dia em uma comemoração, mas, por enquanto, ainda é um dia para abrir os olhos da galera que prefere não saber, por exemplo, que sete de cada dez mulheres serão agredidas ao longo da vida – este é um dado da ONU – e que essas mulheres não estão longe.

A violência acontece no seu prédio. Na sua rua. Pode ser que aconteça na sua família, com a sua sobrinha, sua vizinha, sua colega de trabalho, sua chefe, a chefe de sua chefe, uma juíza, enfim. Pode ser que aconteça com você. Violência contra a mulher não escolhe classe social. E a violência acontece porque ainda vivemos sob o patriarcado, onde a mulher está abaixo do homem. Sim, conquistamos muitas coisas, mas ainda não chegamos nem perto de realmente reestruturar o funcionamento da sociedade para que seja igualitária e justa.

Temos um longo caminho pela frente.

Enorme.

Milhares de anos precisando de desconstrução e reconstrução.

Milhares de paradigmas incrustados em nossas cabeças.

Milhares de estereótipos para quebrar.

Anos e anos e anos e anos de violência suportada em silêncio pra gritar."

Espero que tenham gostado!! #RespeitaAsMina #NaoSeCale #Ligue180

Beijos enormes!!

 

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